terça-feira, 13 de abril de 2010

Reciclagem

Reciclagem, coleta seletiva, reutilização ou reaproveitamento de material reciclável... Para fazer esse tipo de coisa é necessário, antes da tal da educação de berço, consciência. E não estou falando de consciência do tipo pseudo eu sei quem sou, não! Estou falando de consciência quanto à nossa participação como seres humanos no planeta azul. Somos uma rede, estamos na teia, certo? Mas realmente, falar de consciência ambiental, ou mesmo preservação/ degradação ambiental, com pessoas que acham que fazer xixi no banho é anti-higiênico, ou ainda, que separar material para reciclagem, ou melhor, "lixo" para reciclagem é anti-higiênico, coisa de gente porca ou suja. Pois é, ontem escutei isso na reunião do meu condomínio. Difícil acreditar...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Falar do feminismo num espaço masculinista? Desafios da ciência

A maior preocupação que tem me rondado durante esses dias de contemplação dos livros diz respeito ao famigerado "método" de pesquisa. Como pesquisar? Como ler? Como traçar percursos epistêmicos para falar das sofridas dores do feminismo?

Transito todos os dias de Feyerabend (ai, ai, que saudade da Física) a Morin, de Popper a Gramsci, mas nada, absolutamente nada me apraz, saeb por que? Porque são leituras de quem está no local de fala androcêntrico, dualista, sectário e redundantemente dual.

De que adianta falar sobre gênero e feminismo se me valho de tecnologias de pesquisa que me soterram a alma num lamaçal de percursos que desintegram minha essência? Nossa, que pobreza a indução, a deduação, o funcionalismo, o estruturalismo, os "ismos" catalográficos se meu espaço, se minha vivência traçam meu método (ou a ausência dele)?

Impressionismo? Talvez, mas coerente com o que me proponho a fazer, uma subversão quase que anômica em relação ao que foi definido, desde o Iluminismo, como métodos para apropriação de discurso, conhecimento e poder.

Honesto, honesto, muito honesto, ainda mais em se tratando da pobreza existencial que envolve a vã tentativa do Direito de se firmar (numa perna-de-pau) num campo de episthème. Qual o campo? Qual o foco? Ciência? Objeto? Auto-observação? Auto-referência legitimante? Um Direito que insiste em se apegar à forma, ao isolacionismo macarrônico de utilizar verborréia para criar realidades semânticas que pouco valem para a real compreensão do problema alheio. Quem dirá solução ou quiçá administração. Deveria ser admoestação, palavrinha xarope que se usa muito na verborréia juridiquesa.

Às vezes penso que me falta o ar que respiro quando penetro no cadafalso jurídico. Falta-me ar, sem, contudo, não me faltar chão, pois não estou no chão. Encontro-me no horizonte, entre o céu e a Terra, imersa no éter.

Mas quando todos e todas acham que viajo na maionese, eis que apareço, cada vez mais consciente, para ajudar, para assistir, para doar e, dentro disso, não necessito de julgamentos. Eles geralmente vêm de quem está chafurdando no androcentrismo, jurando ser libertário ou libertária e sensível à crítica feminista... Somos mais patriarcas do que supomos ser, a começar do acesso à propriedade, um discursinho burguês apropriado no sentido de igualdade...

Blargh, morram os condenados e as condenadas à ignorância de si. Cansei de circular entre tanta gente que não se olha no espelho e, não se olhando, não vê seu ego feio, coitado, dando pulos por um pedaço carcomido do pão da sabedoria.

Enquanto todo mundo achar que meu negócio é fazer yoga e ser purpurina, rio sozinha da imbecilidade que é o espetáculo humano da vaidade dos que colocam botox no cérebro, a pretexto de elongar mais os neurônios e facilitar as sinapses.

Rio porque sei que a queda vem para todos e todas, bastando a nós a contemplação da decadência que, ao final, traz o desespero para quem não sabe de si, a essa altura do campeonato!

Continuação do Jardim...

A comunidade do jardim de Los Angeles não parou!
Montaram um site com ações atuais!

Aproveito para divulgar aqui uma pequena apresentação que disponibilizaram, explicando passo a passo como se cria um jardim comunitário.
1. Envolva seus vizinhos;
2. Monte um comitê de organização;
3. Procure um terreno apropriado para o jardim;
4. Procure quem é o dono do terreno;
5. Procure saber se há água no terreno - privada ou pública;
6. Divida o terreno entre os parceiros e discuta os termos para a organização do espaço;
7. Obtenha uma análise do solo;
8. Faça um contrato e se necessário, renuncio de direito de demanda;
9. Obtenha um seguro de responsabilidade civil;
10. Planeje o jardim e elabore um orçamento;
11. Tenha opções para obter materiais e fundos;
12. Organize um grupo responsável pelas necessidades do jardim;
13. Prepare a terra e plante;
14. Resolver problemas comuns ao jardim comunitário;
15. E o mais importante: Se divertir e comer bem!

Talvez sejam muitos detalhes cuja responsabilidade, ou melhor, compromisso, acabe caindo sobre um pequeno grupo. Mas... para quem já passou pelo que eles passaram, não custa prevenir!

The Garden (2008)

Noutro dia falei para a Ale que estava cansada de assistir documentários recheados de acusações de manipulação econômico-política nada otimistas, os quais via de regra estavam me deixando bastante chateada e desacreditada.

Hoje mudei um pouco o foco... para os movimentos comunitários: The Garden (2008). Emocionante!!

Ao longo de três dias em abril de 1992, uma série de motins na parte sul de Los Angeles em protesto contra a absolvição de quatro policiais acusados de espancar um motorista negro, resultam em 53 mortos, mais de 4000 feridos e um bilhão de dólares de prejuízos locais. A população, na busca da superação do trauma e diminuição da violência, cria o Jardim Comunitário. É uma oportunidade de cultivar sua própria comida em 14 acres de área, dividida entre aproximadamente 350 famílias. Mas... como no mundo capitalista nada é o que parece, os interesses econômicos e políticos emergem em contraste com os reais interesses e necessidades da comunidade.

Arrisco até me lembrar de Theodor Adorno em Educação e Emancipação e daí puxar mais um agravante para a história do Jardim Comunitário: "Delírios coletivos, como o anti-semitismo, confirmam a patologia daquele indivíduo que revela não encontrar-se psiquicamente à altura do mundo e se refugia num fantasioso reino interior."

Vale muito a pena assistir...
Download via Torrent legendado em português.