terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Como são fabricados os pendrives e cartões de memória?

Recebi o link desse vídeo e achei muito bacana. Mostra como são produzidos os chips dos pendrives e cartões de memória... É bem interessante pois vai desde a fábrica até o consumidor final!



Entretanto, cabem aqui as críticas sobre o consumo desmedido, desenvolvimento econômico que privilegia poucos, extração de material prima sem compromisso com as consequências e exploração de mão de obra asiática. Claro que estou esquecendo outras consequências, mas nem por isto deixo de considerá-las.

O vídeo é muito bem feito (isto é certo) e tem uma grande capacidade de nos mostrar seduzir com a música, as imagens, o brilho dos metais e plásticos: 100 vezes mais limpo que um hospital! Também nos lembra como somos capazes enquanto seres humanos, como nos superamos no trabalho e na produção de bens materiais em prol de... o quê mesmo? Não sei... Fico pensando que o fato de termos essas coisas à nossa disposição não nos fazem pessoas melhores, mais respeitosas, caridosas, carinhosas (!)...

Não estou dizendo que não é legal ter tecnologia à disposição, até porque isto seria hipocrisia da minha parte, principalmente porque de certa maneira nos traz mais informações (o que seria do meu mestrado se não pudesse acessar inúmeras revistas e artigos pela web). A questão é que estamos usando tudo isto achando lindo sem considerar a degradação ambiental e as consequências disto no planeta e em nos mesmos.

Uepa! Vamos com calma! Nada de trocar computador a cada dois anos, nada de jogar peças fora no lixo, nada de dar preferência aos notebooks (a qualidade (???!!!!) é limitada a dois anos de uso!)... Utilize os PCs, computadores de mesa pois é mais fácil trocar peças, não são todas onboard, e se estragar basta comprar uma pequena peça nova e plugar ou mesmo consertar uma antiga e aproveitar.

Não jogue eletrônicos no lixo, doe! Tem vários locais que coletam material para consertar e remontar computadores. Procure saber se foi produzido no Brasil! É legal, apoia a indústria brasileira! E por aí vai... O que vale também para os outros eletrônicos como indicado no vídeo The Story of Eletronics que postei um tempo atrás aqui no blog.

Enfim, acho que ainda temos muito para aprender a lidar com nós mesmos e a natureza e começar pensando um pouco em nosso consumo não faz mal!

Mais um pouco de Tie Dye

Um tempo atrás escrevi aqui no blog que tinha arrumado umas roupas para dar uma nova cara e então quem sabe passaria a usá-las - atitudenateia.blogspot.com/2010/05/uma-ideia-para-remodelar-roupas-nao.html. Então... Não funcionou... O que me incomodava definitivamente não eram as cores, mas como as roupas vestiam. A blusa que apertava continuou apertando e a blusa que ficava caindo no ombro também assim continuou... Agora estão separadas em monte para doação ou troca ou sei lá o que. Pelo menos as blusas ficaram legais e deverão servir em alguém. Além do que, aprendi a fazer tie dye, pelo menos o básico.

Acontece que animei para dar presentes para amigos que fossem feitos por mim. Curto dar presentes fora de época e que tenham a ver comigo e com  meus amigos, coisas simples mas que são feitas ou compradas porque pensei neles. Nada de última hora - como às vezes rola para um aniversário. Mas algo pensado, cativado. Um presente de coração. Foi então que decidi comprar umas camisetas brancas e fazer tie dye. 

Material:
2 camisetas lavadas (sem amaciante)
2 potes de tinta em pó Tupy
colher de pau
garfo de carne
vários elásticos de dinheiro
fita qualquer de tecido para amarrar a camiseta
leiteira com água fervendo
panela grande com água fervendo
balde com água fria
3 colheres de sopa de sal
5 colheres de sopa de vinagre

Como descascar batatas quentes?

Tudo bem que não tem muito a ver com a proposta do Atitude na Teia. Mas a ideia é tão simples que acho que pode ajudar na hora da cozinha.

O vídeo abaixo mostra como fazer o proposto, mas como está em japonês, coloquei umas orientações depois.



Antes de colocar as batatas para cozinhar, passe o fio da faca ao redor da batata e coloque-a para cozinha. Ao que indica no vídeo, a água do cozimento irá penetrar com mais facilidade na batata e inchá-la, fazendo com que a casca "encolha".

Quando a batata estiver cozida, coloque-a em uma bacia com água gelada (acho que vale testar a fria também, como de geladeira), depois aperte segurando a casca considerando que a batata está solta dentro da casca. É como se apertasse gentilmente para não amassá-las mas ao mesmo tempo para soltá-las. E pronto!

O que vale agora é testar para ver se funciona... Mas acho que sim! Assim que tiver uma resposta para essa ideia coloco nesse post mesmo....

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Recomeçando a composteira - 21jan11

Hoje, depois de muito maquinar sobre terra para por na composteira e aproveitando que estava fazendo sol, decidi, considerando que todas as composteiras já tem adubo, recomeçar a maior com o próprio adubo, folhas secas e os resíduos que estavam acumulando na geladeira.

O que fiz desta vez?

Como os resíduos estavam na geladeira já tinha uns dias, coloquei numa bacia e pus no sol para dar uma esquentada e ver se secava um pouco. Eram dois potes de 500g e um de 300g, com resíduos de mandioca, manga (menos o caroço), batata, banana e outras frutas e verduras, inclusive tomate (o que me deixou um tanto receosa por causa da quantidade de água que vai liberar).

Tirei um monte de adubo que estava na composteira grande e coloquei numa bacia, deixando um pouco do adubo no fundo da composteira - foi aqui que substitui a terra por adubo, ele estava soltinho e seco por isto acho que não tem problema. Depois coloquei resíduos mais folhas secas (da minha varanda que está precisando de uma limpeza!) e misturei, sem deslocar muito o adubo que estava no fundo. Coloquei mais um pouco de adubo e misturei novamente. Por fim, o restante do adubo por cima, sem misturar, apenas para cobrir e não juntar moscas ou mofo.


Desta vez o inicio está um pouco diferente, mas acho que vai ficar legal assim. Quando ao adubo das outras, ao invés de dar para meu amigo que não se manifestou, acho que vou perguntar para o pessoal no condomínio se eles querem.... Qualquer coisa, jogo no parque. Devolvendo a terra adubada para o local de onde a busquei.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Compostagem...

Que dificil esta época do ano para arrumar terra para a composteira. Acho que terei que ir no terreno ao lado, na obra, pedir um pouco de terra... Vai ser o jeito...

O parque está com o mato lindo e alto, por isto não consigo pegar terra, muito menos terra seca para usar. A terra muito úmida dificulta a compostagem, pois como os alimentos também são úmidos e não tenho folhas secas o processo ficará lento... A não ser que eu seque folhas no forno...rs... Mas não sei se funcionaria.

A segunda composteira (que é a primeira pequena) está com adubo pronto. Desde 3 de setembro até hoje 17 de janeiro são 136 dias - já passado...rs...

A terceira composteira (que é a segunda pequena) parece que também está ok. Parece que o processo dela foi diferente por causa da umidade. Estava sempre mais seca do que as outras... Esta fechei no final de outubro ou em 1º de novembro. Até hoje são 77 dias.

Na semana passada, no dia 9 de janeiro (as datas ajudam a lembrar o período de compostagem), como tinha um monte de resíduo em potes na geladeira, ao ponto de não ter mais onde por, acabei jogando as cascas das frutas da salada de frutas no lixo. Fiquei mal depois... Por isto, peguei o que tinha de casca de ovo triturada e um tanto dos resíduos que estavam na geladeira e joguei no parque nos pés de algumas árvores. Também joguei por lá, aleatoriamente os carôços de nectarinas e pêssegos. Os carôços de manga tenho jogado no lixo, mas acho que vou fazer o mesmo que fiz com os das nectarinas e pêssegos.

De início fiquei preocupada com os resíduos que joguei no parque quanto à decomposição, pois dependendo poderia estragar as plantas, o processo de decomposição poderia atrapalhar o crescimento das plantas. Mas daí coloquei um pouco em cada e bem esparramado. Já tinha feito isso aqui em casa com um resto de maçã na trepadeira e não deu problema... ela já estava meio ruim antes... Então não acredito que haverá problemas nas plantinhas do parque, principalmente porque tem chovido muito. Levei o celular para tirar as fotos, mas acabei esquecendo... Numa outra ocasião tiro fotos...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Troca troca

Há um tempo, minha irmã Ale, decidiu se livrar de algumas roupas que não estava usando, colocou tudo em uma sacola entregou para uma amiga e disse que aquela era a sacola do troca-troca, que deveria passear pelas casas das pessoas e dar uma renovada de ares em cada casa. A condição para o passeio era que sempre que alguém quisesse ou achasse algo legal na sacola, poderia pegar, contanto que colocasse outra coisa dentro.

Poderia retirar uma blusa, saia ou calça e colocar brinco, colar, casaco ou vestido. Algo que não estivesse sendo usado e em boas condições... O importante era fazer a troca com boa vontade, partindo do princípio da reutilização ao invés de comprar algo novo. Lavoisier na área!

Mas vale lembrar que doação é sempre legal... Só que às vezes é interessante fazer trocas, assim, no mínimo consumimos menos, temos o guarda roupa refrescado, e de quebra reciclamos.

A sacola rodou várias vezes, numa dessas veio aqui pra casa. Nem lembro o que tirei, acho que nada, mas fiz questão de colocar algo dentro. Só sei que no último retorno para casa da Alê, do qual tenho notícia, sequer era a mesma sacola...rs...

E qual não foi minha surpresa hoje ao ler a postagem no blog de minha prima linda http://lascomadres.wordpress.com/2011/01/05/bazar-na-escola/ falando exatamente sobre troca! Mas desta vez, onde mais dói no bolso nesta época do ano e sempre ficamos sem saber o que fazer com as sobras do ano anterior... Material de escola e uniforme!

Troca-troca ou bazar, seja lá como for, é uma maneira divertida, sustentável e econômica de lidar com o inicio do ano escolar.

Meu irmão um ano mais novo sempre aproveitava uniforme (quando ficou maior do eu estávamos no ensino médio) e alguns dos livros aguentavam as duas séries de diferença. Só que hoje em dia há uma quantidade muito maior de filhos únicos. Assim, se vale a sugestão de sacola troca-troca para roupas e bijuterias, porque não estender isto ao material escolar?

Então, mobilize-se! Monte um bazar ou uma feira de trocas na sua escola!

Ajude o meio ambiente! E ainda que não seja este o seu principal motivo, faça-o pelo seu bolso! Já que é ali que mais sentimos...

A dica é sempre ter em mente o que nosso grande Lavoisier um dia disse...

Na natureza nada se, cria nada se perde, tudo se transforma!

domingo, 2 de janeiro de 2011

A outra face da raiva

Acabei de ver esse trecho num filme muito interessante chamado - A outra face da raiva (The upside of the anger) - e estou compartilhando por achá-lo de uma simplicidade que, se contemplada com um despojamento sem cobrança ou autocrítica, eleva bastante a alma.

Texto limpo, claro, objetivo, que não precisa de muito mais além de si mesmo. Não precisa de um Deus, uma Deusa, de nomes. Apenas de significação autorreferencial.

Acho que, em muitas vezes, por não saber dos fatos, ou tentar, sabendo ser impossível, controlar o que está além de minha compreensão, coloco-me nessa contramão do viver. Daí, quando isso acontece, preciso me recolher, voltar a fita e deixar correr a dimensão dessa minha ignorância até seu exaurimento.

Só assim penso ser possível a superação de tudo... até de mim. Enfim, o texto, vale a pena.

"(...) People don't know how to love. They bite rather than kiss. They slap rather than stroke. Maybe it's because they recognize how easy it is for love to go bad, to become suddenly impossible... unworkable, an exercise of futility. So they avoid it and seek solace in angst, and fear, and aggression, which are always there and readily available. Or maybe sometimes... they just don't have all the facts.
Anger and resentment can stop you in your tracks. That's what I know now. It needs nothing to burn but the air and the life that it swallows and smothers. It's real, though - the fury, even when it isn't. It can change you... turn you... mold you and shape you into something you're not. The only upside to anger, then... is the person you become. Hopefully someone that wakes up one day and realizes they're not afraid to take the journey, someone that knows that the truth is, at best, a partially told story. That anger, like growth, comes in spurts and fits, and in its wake, leaves a new chance at acceptance, and the promise of calm.(...)"

Anis, aniz, estrelado e cheio de saúde

Andei tomando, por esses dias, uma xícara de chá de anis. Fui atrás, claro, porque, de outra época, vi suas propriedades em relação à gripe oinc oinc (suína).

O anis estrelado é o extrato-base (75%) da produção do comprimido Tamiflu, da Roche (empresa do antigo Secretário de Defesa dos EUA Donald Runsfield, ou seja, uma questão de quebra de patente aí em relação à socialização do tratamento da doença, né?).

Mais uma vez me lembro da Biopirataria de Vandana Shiva, quando desenvolve a ideia de quebra de patente de medicamentos para que todos os países possam, de maneira solidária, ter acesso aos remédios. Isso me remete à sala de espera dos médicos, repleta de representantes da grandes industrias de remédios, que sobrevivem às custas da mercantilização dos remédios, em altos preços, afastando-os do senso comum.

É muito conveniente para a indústria do controle de saúde motivar a restrição, bem como deslegitimar outros processos de conhecimento (bem como outras alternativas), pois, apenas assim se mantém na pole position do capital para a manutenção de iniquidades.

Não tomo remédio de indústria farmacêutica há tempos, por boicote mesmo... Prefiro a morte a viver uma vida de desonra, pregando um modelo de vida e me vendendo, subrepticiamente, a outro...


Obs:- O uso da erva-doce é alternativo e poderá ser até eficaz, mas ñ substitui a assistência médica necessária.

Mudar o mundo mudando a si...

Achei interessante dialogar com a fala da Ju a respeito do significado - para ela - de datas comemorativas de "final de ciclo", como o Natal e o Ano Novo, a partir do compartilhamento da minha experiência. Acho importante o lugar de fala marcar o espaço de discussão, até mesmo para não criar um processo bipolar (para os que gostam, esquizoide) de incoerência interna, falando da vida e do mundo "em tese" e no plano da mera abstração...

De que serviram as experiências de final de ano para mim?

Refiro-me à introspecção, bem como à desconexão (que não foi forçada) em relação às festas, reuniões de celebrações. Refiro-me igualmente ao supermercado lotado, ao shopping "entupido" de uma egrégora de consumo, enfim, ao que se posicionou diante de mim...a construção de mim projetada.

Refiro-me às pessoas da "nata" brasiliense com 2, 3 carrinhos por família, todos repletos de panetone, pernil, peru, tender, cerveja (muita cerveja) e, claro, muitos decibeis de gritos desesperados por um naco de provolone, disputado a tapa por quem escutasse mais rápido a locução da promotora de ofertas...

Refiro-me ao beneplácito de projeto de "Noite Feliz" e a sensação invulgar de distanciamento que, ao final, trouxe-me para a contemplação solidária do respeito ao que cada um e uma traz para si em termos de convicção, de ideia, de valor.

Se a dinâmica do Natal resumiu-se em comer muito, beber muito e, subrepticiamente dizer que é a comunhão, e não a fanfarra gastronômica e etílica, o "principal" na noite tão feliz..., tudo bem!

Se o clichê em relação ao qual todo mundo concorda - em nível discursivo com a homilia e simplicidade - ainda existe, tudo bem! Se "o Natal é época de humildade e reflexão, MAS vamos comprar um peruzinho, presentinho e uma 'breja' para 'não passar em branco'", tudo bem!!!

Se nos perdoamos para começar tudo de novo no ano seguinte, tudo bem!

Se vamos às festas de família pelo sentido de família, tudo bem também! O que concluo? Que tudo é válido...mas, claro, passa a não ser quando é o ego quem deseja determinar a vida de quem está ao nosso lado... Hahahaha...

Daí nossos espíritos analíticos, repletos de teorias que não melhoram nossa miséria enquanto humanos, ficam o ano inteiro nos massacrando, destruindo a estima uns dos outros, sendo o que existe de mais grotesco em nossa escala de evolução horizontalizada para, num dia, um único dia, "apagar" da memória tudo aquilo, zerar os ponteiros e... uhu!! Legitimar tudo apenas porque...somos nós quem estamos vivendo aquilo que, com hipocrisia, apontamos nos outros como sendo sem valor. Uau!

Não estou criticando o Natal, nascimento de Cristo (apesar de realmente achar que ele NUNCA seria capricorniano) ou a reunião familiar em torno do pinheirinho que, diga-se de passagem, é pagão e NUNCA FOI cristão. [Trata-se do trono de Yule, a tradição que celebramos invertida na roda do ano. Sem deixar de mencionar a "estrelinha" que, sinceramente, é nosso devocional pentagrama, que teve seu nomezinho modificado, para não deixar pistas do nosso paganismo].

E na mentira seguimos, confiantes, mais uma vez, julgando, destruindo, apenas porque se trata do Outro, e não de nosso valor, mesmo nos arvorando de juízos libertários de compreensão crística!

Apenas me deleito em observar a pantomima que o espetáculo da hipocrisia adquire, a cada ano, a partir da exposição de meu próprio ego, que é o primeiro a se manifestar, o primeiro a julgar e, sobretudo, o primeiro a ruir...

Há tempos celebro internamente Litha, não Natal.

Há tempos meu ano novo é em maio. Isso não me faz melhor, ou pior, apenas me faz...É o que sou.

Normal...Anormal? Não sei...

Mas, querem saber? Não sei bem a razão pela qual criamos tantos conceitos, tantas teorias para, ao final, posicionarm-nos diante do mundo em com elas, realizarmos a mesma poda do Outro, com a diferença que se trata... do Outro, e não de nós, numa arrogância existencial ímpar, que nos leva ao fundo do poço.

Por isso, claro, comemoremos, sim, claro, o que faz sentido para nós...

Tudo é válido...menos destruir os sonhos que estão naqueles que nos são mais caros...

Reproduções de sexo e gênero... Que gênero? Que sexo?

Gênero, gênero, esse "ser" desconhecido!!!!

Ora se porta como uma construção social do sexo, ora se mostra como saber sobre a diferença sexual, ou, ainda, como uma construção social de uma identidade sexual a partir do sexo biológico. Em termos macro, pode ser entendido como sistema que organiza a diferença hierarquizada entre os sexos, ou elemento elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os seres, a partir da linguagem...

Segundo Lia Zanota, é tema transverso ao questionamento dos papeis que foram atribuídos como “naturalizados” (tidos como “normais” e próprios de homens e mulheres), remetendo à ausência de demarcação fixa e universalidade das relações entre homens e mulheres, a partir da ideia que as relações sócio-simbólicas são construídas e transformáveis.

A construção de gênero pode, pois, ser compreendida como um processo infinito de modelagem-conquista dos seres humanos , que tem lugar na trama das relações sociais entre mulheres, entre homens e entre mulheres e homens.(...) O resgate de uma ontologia relacional deve ser, portanto, parte integrante de uma maneira feminista de fazer ciência”. (Saffioti,1992, p.211).

De cima a baixo na escala de percepção do universo simbólico que compõe o acervo cultural da humanidade indoeuropeia romano-germânica, o termo genero lembra a reprodução de um modelo que impõe como condição à mulher uma expectativa (exigência) de se “comportar” de acordo com um molde que a discrimina, minando-lhe a potencialidade de se desenvolver em patamar de igualdade em relação ao homem.

Dentre as naturalizações mais comuns de genero, sempre destaco as que ouço nos Juizados, reproduzidas pelos profissionais: reprodução como obrigação, fardo na educação da prole, comportamento moralizado, julgamento, divisão de tarefas segundo um binômio que encobre desigualdade na distribuição e vivência do poder, além de conferir aos homens a posição dominante e às mulheres a posição subalterna...

ABC do pequeno dicionário de gênero

Depois de editar o livro (nada egoico, heim), achei providencial postar algumas referências sobre gênero...Afinal, falamos tanto em sexo, gênero, desqualificação, dualismo, essencialismo etc. que as palavras, não raro, podem ser polissêmicas o bastante para produzir grandes debates, justificar interesses e (re)produzir ideologias...

Hum, a mais "batida" palavra. Sim, sei, "patriarcado" é uma palavra muito questionada em termos de pós-modernidade, pois remete , em geral a um sentido fixo, uma estrutura fixa que mediatamente aponta para o exercício e presença da dominação masculina (ZANOTA, Lia, disponível em http://vsites.unb.br/ics/dan/Serie284empdf.pdf, acesso em 14 dez. 2010).

Mas, num mundo em que se observa a mulher no "mercado de trabalho", bem como em diversos "nichos sociais", como, ainda, sustentar o termo "dominação", ainda mais sistêmica estruturalmente "fixa" em termos de super e infraestrutura?

Ou, ainda, como dialogar com a conceitualização clássica weberiana, que vê no patriarcado “a situação na qual, dentro de uma associação, na maioria das vezes fundamentalmente econômica e familiar, a dominação é exercida (normalmente) por uma só pessoa, de acordo com determinadas regras hereditárias fixas.” (Weber, 1964, t.1.p.184)?

Qualquer que seja a significação, não importa, porque a palavra dominação, quase sempre, marca a referência ao patriarcado... Mesmo que não seja um modelo estático, o termo agrega um sentido “ahistórico” porque não está limitado a um só momento histórico, isto é, porque pode e deve ser referido a qualquer momento histórico onde se encontre tal sentido de ação típico-ideal.

Ao final, expressa um sistema ou uma forma de dominação, explícita ou simbócia, que, ao ser (re)conhecido já (tudo) explica : a desigualdade de gêneros.

Caminhando com o patriarcado e o sustentando fenomenologicamente encontra-se o androcentrismo, que nada mais é do que a percepção de mundo a partir das experiências masculinas, que passam a ser consideradas como iguais as experiências de todos os humanos e tidas como uma norma universal tanto para homens quanto para mulheres.

Basta lembrar a medicina medieval, que nunca considerou a peculiaridade do corpo feminino e, como se isso não bastasse, ainda promoveu a devassa em face das "curandeiras", suas maiores competidoras naturais... Ou, ainda, os postulados de agressividade e competitividade até a mais última dimensão de ataque ao humano...

O androcentrismo toma como verdade a experiência e valoração masculina, sem dar o reconhecimento completo e igualitário à sabedoria e experiência feminina, bem como atribuindo-lhe o que se entende por desqualificação, que nada mais é do que a atribuição de predicativos que depreciam a mulher, diminuindo sua estima enquanto ser humano.

Mulher desqualificada é reificada, objetivada, ou seja, transformada, à imagem e semelhança, num espelho masculino que, ao menor sinal de discrepância, atrai a misoginia, ou seja, ódio, aversão, ira, raiva, desqualificação do feminino, por meio da subestima e da crença de inferioridade da mulher.

Falei tudo isso para apenas dizer o quanto, sem saber, podemos reproduzir uma lógica perversa masculinista, androcêntrica e patriarcal de apoderamento do espaço e avilta a alma mais sensível de uma mulher, desconsiderando-a em sua dimensão mais profunda de potencialidade amorosa, para destruir, com raiva, o que é belo, justo, pleno e legítimo.

Quase sempre, as armas usadas estão no plano da manipulação da verdade, da seletividade de informações, da mentira e da famosa "barriga", fazendo entender que a palavra da mulher, sua companheira, está errada, ou que "ela está louca".

Esse é o primeiro retrato da violência doméstica, fincada, entretanto, no seio doméstico e ainda sem tipificação penal. Ou seja, no ambiente mais arraigado - casa, entre paredes - pratica-se a forma mais aviltante de agressão, que é a psicológica, de difícil prova e demonstração. Apenas quem sofreu isso, tendo que lutar, dia após dia, contra as mentiras, os enredos fantasiosos, bem como a manipulação e o controle, sabe o que significam horas de lágrimas a correr pelo rosto.

E o qual patriarcado?

Nem aí, pois, como o mundo até então se processava a partir de seu pênis que decai a cada dia, esse assunto deslegitima e desempodera. Eles não desejam se desempoderar tão facilmente. Por isso que, de tempos em tempos, enviam agentes inteligentes, na esperança de coaptar as mulheres que se empoderam, para, com isso, aniquilar a libertação de todas...