sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Quem é você?

Noutro dia me fizeram esse pergunta. E mesmo maquinando sobre a resposta, só consigo pensar em: sou meu trabalho!

De fato, quando pensamos em trabalho, via de regra é no trabalho árduo, suado, braçal, o trabalho para o qual a postergação merece punição e que bem feito merece agrado, ou melhor salário, o trabalho que ninguém quer fazer e que é enfadonho ou dificultoso. Mas o meu trabalho não é esse.

Apesar de ter que levantar todos os dias com esforço fenomenal, depois que levanto tudo se encaixa. Adoro o lugar onde trabalho e as pessoas com quais as tenho que lidar são muito competentes - o que me deixa tranquila; amo meus alunos e alunas, mesmo os(as) mais difíceis - a respeito destes(as) passo horas do dia tentando entender como lidar; minha curiosidade a respeito de tecnologias e funcionamento das coisas alimenta meu planejamento quase diariamente - então sempre tenho coisas novas para compartilhar. Ou seja, faço o que faço com prazer.

Fora isso ainda tem o doutorado. Adoro ler e discutir as leituras, descobrir novas ideias, gosto de filosofar sobre as propostas que encontro e tentar fazer costuras com as que conhecia, amo desconstruir, reconstruir, analisar para depois desmontar tudo e chegar à conclusão de que para tudo tem uma saída, basta reiventarmos o que está aí. De tudo, o mais difícil, e que ainda assim não é um estorvo frente ao meu trabalho, é que realmente preciso escrever mais. Por isso estou sentada aqui - afinal, o blog é um exercício de expressão. De fato, para mim, escrever ainda é doloroso... Doloroso porque minha tendência mental é fazer conexões entre as coisas, buscar justificativa em tudo. E como vejo relação entre todas as coisas e tudo, minha cabeça vira um caos.

Além disso, meu doutorado tem como referencial epistemológico o marxismo. Contudo, com várias idas e vindas consolidei a justificativa de que ele não será suficiente para minha pesquisa. No caos, a nova dificuldade é encontrar um novo referencial... Ou seja, fora a escrita, tenho mais uma dificuldade - em níveis diferentes, óbvio.

E ainda assim, considerando meus dois trabalhos, se me perguntarem quem sou, a resposta continua a mesma, meu trabalho.

Escolhi os dois, prezo pelos dois. No dia em que não estiver mais satisfeita, que um deles não corresponder mais às minhas ansiedades, que me frustrar, não será mais esse trabalho. Será outro, com as mesmas características, porque afinal, sou meu trabalho...

Redecorando...

Minha casa é minha... Com um tanto de trabalho e me divertindo vou comprando as coisas aos poucos, de acordo com o que posso pagar, isso se não der conta de fazer só. Afinal, sou totalmente fã do "faça você mesma"!

A última empreitada envolveu os bancos de metal branco, daqueles baratinhos com furinhos no assento, que estavam na bancada entre a sala e a cozinha. Acho que eles devem ter quase 10 anos e nos últimos cinco anos estiveram com um assento coberto com chenile bege... Mas um bege tão chechelento que com o tempo ficou com uma cara de sujo irremediável que me dava agonia todas as vezes que parava para prestar atenção. Acho que escolhi aquela cor porque estava pensando no pó da obra no terreno ao lado que estava entrando em casa, mas em nenhum momento pensei no que faria com aquilo depois que a obra terminasse - detalhe que o sofá era do mesmo material! O sofá doei para um ex colocar no muquifo dele... rs... mas os assentos dos bancos foram ficando, afinal, apesar de feios, era melhor do que ficar colocando o traseiro no metal gelado todos os dias de manhã.

Acontece que depois de uma trocação de sofás (do fatídico bege ainda rolou um sofá-cama preto que foi para o canto de TV), acabei ficando com um sofá de chenile cinza (não me pergunte porque chenile de novo!). Só que, apesar do cinza neutro, minha casa estava encaminhando para um recorte de móveis, parecendo tarefa de criança que tem que procurar as cores em revista de decoração e colar no caderno. Tinha que resolver a zona, principalmente por causa da parede de listras coloridas atrás do sofá, dos pufes moles de couro preto jogados na sala e os bancos com capa bege! Affff...

Há uns meses decidi colocar uma mesinha retrátil na varanda para apoiar a churrasqueira elétrica nos dias de churrasco na lage e foi então que, dos três bancos, dois ficaram sem o assento para irem para a varanda e um resistiu bravamente. UFA! Começando a melhorar! O resistente ficou escondido atrás da bancada pelo lado da cozinha e, pensando no gelado do assento, acabei guardando os dois assentos rejeitados dentro de um saco no armário de vassouras - ou seja, foram colocados lá para serem esquecidos!

Mais ou menos na mesma época descobri que existe moda de tecido para móveis também! E que é tão efêmera quanto a de roupa! (seria tão mais legal se a moda tivesse um outro contexto que não atrelado ao perdulário...). Para acabar com o preto dos pufes tinha que encontrar exatamente o mesmo tecido do sofá, caso contrário, não resolveria a situação - haja paciência e gasolina e pernas. Mas depois de muito procurar encontrei o chenile, cobri os pufes e sobrou um pouquinho de tecido que nem queria levar para casa, afinal, o que ia fazer com aquilo.

Como não tenho muita paciência para ficar guardando coisas e entulhando, pendurei as sobras do tecido no cabide de bolsas da sala para dar um fim... Isso tem uns meses... Contraditória, né? Mas não tinha coragem de jogar no lixo, não dá pra fazer almofadas para o sofa com o mesmo material do sofá, forros para o assento das cadeiras da mesa de jantar (finalmente comprei uma!) onde as cadeiras são temporárias e não tinha tecido suficiente não dá, e os banco estavam fora de cogitação porque pensava em novos e mais confortáveis. Fora que tudo isso precisava de ir atrás de alguém para fazer, e como disse, prefiro o esquema "faça você mesma", não tenho muita paciência.

Só que umas semanas atrás usei cola quente para colar EVA na parede chapiscada na sala onde trabalho. OPA! EURECA!!! Sobra de tecido legal, tecido velho no assento do banco, pistola de cola quente! UHUUUU! Hoje sai e comprei a tal pistola de cola quente - um tanto cara, mas com certeza vai me ajudar com outras situações.

Deu super certo!! A pistola não esquentou muito (acho que a resistência é fraquinha), mas foi o suficiente para colar um tecido sobre o outro (pela borda interna do verso e não no assento, tá?). Fiz com os três assentos e o resultado ficou legal! Parece até que comprei pronto! Só não pode desparafusar o assento e olhar por baixo! Mas quem vai fazer isso, né??? Eu, quando for trocar o forro de novo daqui uns anos!


De quebra descobri como consertar uma pistola de cola quente! No momento em que estava terminando o terceiro assento, arrematando umas dobrinhas, o gatilho quebrou. Só pensava no dinheiro gasto, que ainda assim compensava o serviço em casa. Dai veio a frase: "está quebrado mesmo, não adiantar ficar com raiva...". Mas só o "está quebrado mesmo" ficou... Chave Philipps e um pouco de curiosidade me levaram a descobrir um sisteminha simples no gatilho que não tinha quebrado, só tinha saído do lugar como resultado da minha delicadeza ao apertá-lo. Tem uma molinha para segurar o gatilho a uma peça de plastico que empurra o bastão da cola para dentro de um metal aquecido pela resistência ligada diretamente aos fios plugados que vão na tomada. É mole? A ideia é muitíssimo boa de tão simples que é. Por isso a pistola é leve. Tudo plástico, só pesa o metal que vai derreter a cola.

Enfim, a pistola está funcionando. Não testei porque já tinha terminado. O banco está funcionando. Não testei porque só sento ali de manhã. Os outros bancos saíram da varanda mas voltam com a galera. Tudo ok! Fiquei satisfeita!