Um sol opaco brilha em uma manhã que será aniquilada por crianças em construção e se esvai nas possíveis conversas de butiquins, onde percebo gargalhadas sem vida e olhares sem sentido.
E eu! Eu que não consigo viver sem pensar; reflexões de um cárcere mórbido, onde a carne apodrece à medida que respiro.
Mas não consigo, não vou conseguir conviver com esta necessidade de morrer.
Então, que seja elaborada uma vontade sem cortes e sem vida, onde a ferida seja o próprio corpo e eu a perceba como uma amiga.
Uma amiga correndo, sorrindo, gritando no interior das casas onde meu corpo de criança navegava.
Meus olhos vermelhos de tanto chorar ainda navegam em imagens profundas, enquanto um sol de plástico ilumina estradas de fel.
Um doce suicídio afaga meus ombros e sempre me sorri com um hálito de mel.
Sinto que o sentimento elabora criações contundentes a respeito de possíveis abelhas que fabricam um tipo de cera tão forte quanto o aço.
E muitos, muitos corpos se valem de cordas feitas com este material para proporcionarem-se desencarnações momentâneas. Chega!
Eu preciso encontrar antídotos contra a claustrofóbica sensação que se esgueira por quartos de aluguel; estes quartos que assombram tristes prostitutas no momento da overdose.
Tenho nove motivos para chorar e dois minutos para odiar.
Mas o choro lava os banheiros da alma, enquanto que o ódio dilata e fragmenta a morte na mais profunda calma.
Zeca Muri
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