sábado, 11 de outubro de 2014

Ressaca do primeiro turno das eleições - 2014

Não sou fã de manifestações políticas de cunho eleitoral, contudo, depois de ver em que pé estamos hoje, devo me manifestar (sem querer, longamente).

O titulo sugestivo para a sensação, pois é com imenso pesar que olho para os políticos brasileiros por nós eleitos (nós porque ainda vivemos uma democracia - ?!?!).

Apesar de termos passado pelo primeiro turno, com votações encerradas e candidatos eleitos ou indo para o segundo turno para finalizarmos nossas manifestações e promessas para os próximos quarto anos, a grande maioria dos votados têm envolvimento descarado com corrupção e se manifestam com políticas de favorecimento ao bolso de uns poucos, ou com a justificativa do "para muitos" impossível de se consolidar.

Sinto me envergonhada com a mentalidade brasileira que se dispõe a votar sem o mínimo de consideração em relação ao sentido ético do trabalho público político - ou, pior, no caso de haver consideração alguns ainda se dispõem a externalizar frases do tipo: "Fulano roubou menos que Sicrano, por isso voto nele". Porque afinal, para quem não lembra, um político trabalha para o Estado! Seu emprego é público, deveria ser totalmente passível de avaliação e controle pela população, gestões totalmente transparentes, demissões sumárias em casos de desvio de recursos, diminuição de favorecimentos a deputados (de qualquer tipo) e senadores (uma reforma política seria muitíssimo bem vinda, mas pelo visto não a teremos pelos próximos quarto anos). Esse Estado, pela sua constituição histórica, deveria servir aos interesses do povo, aos interesses do geral (e nem estou entrando no mérito de minorias dominantes ou maiorias desconsideradas).

Também não me interessa o partido político mais! Há muito tempo! Afinal, trocam-no como quem troca de roupa - esquerdas coadunam com direitas e direitas se dispõem a esquerdas (no plural mesmo porque não existe mais uma direita e uma esquerda). Desses, um dia tive vergonha.

Por esses motivos, podendo listar outros tantos, independente do meu posicionamento político (que utopicamente poderia ser considerado de extremíssima esquerda mesmo isto representando diminuição considerável de minhas condições materiais) e considerando a importância da representação pelo voto, ainda estamos muito distantes de saber votar! Porque votar baseia-se em dois simples quesitos, pressupostos quase ridículos de tão fundamentais na manutenção do Estado democrático (!?!?):

- Pela proposta apresentada que vise não interesses pessoais, mas coletivos - afinal o Estado é de representação coletiva, não? e deve-se respeitar o direito à vida e à segurança, à vida privada do indivíduo (curiosamente pressupostos liberais), e não o bolso de alguns em detrimento ao de outros.
- E pela simples reputação do candidato, que deveria ser ilibada.

Difícil?.... Talvez... A ausência de criticidade e envolvimento com o coletivo torna o simples difícil. O que parecem critérios básicos, algo que deveria ser senso comum, parece impossível... Vivemos em uma sociedade, em pleno séc. XXI, que ainda não sabe votar! Que se apodera do individualismo e deixa que o coletivo seja pensado por instituições - a tal da confiança cega nas instituições. Por isso vergonha, por isso decepção.

Diriam alguns, afinal, as expectativas foram criadas por mim e eu deveria não tê-las alimentado. Discordo! Veementemente! Porque o processo democrático é esperado por qualquer um que acredite e trabalhe pela democracia. Nego-me a acreditar no totalitarismo, no absolutismo, na ditadura. 

Um dia aprenderemos... Ainda que eu não esteja aqui para ver, minhas sobrinhas e sobrinhos verão!

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