terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Quartos de aluguel

Mais um texto bacana do amigo José Carlos Pereira de Amorim.

Um sol opaco brilha em uma manhã que será aniquilada por crianças em construção e se esvai nas possíveis conversas de butiquins, onde percebo gargalhadas sem vida e olhares sem sentido.

E eu! Eu que não consigo viver sem pensar; reflexões de um cárcere mórbido, onde a carne apodrece à medida que respiro.

Mas não consigo, não vou conseguir conviver com esta necessidade de morrer.

Então, que seja elaborada uma vontade sem cortes e sem vida, onde a ferida seja o próprio corpo e eu a perceba como uma amiga.

Uma amiga correndo, sorrindo, gritando no interior das casas onde meu corpo de criança navegava. 

Meus olhos vermelhos de tanto chorar ainda navegam em imagens profundas, enquanto um sol de plástico ilumina estradas de fel.

Um doce suicídio afaga meus ombros e sempre me sorri com um hálito de mel.

Sinto que o sentimento elabora criações contundentes a respeito de possíveis abelhas que fabricam um tipo de cera tão forte quanto o aço.

E muitos, muitos corpos se valem de cordas feitas com este material para proporcionarem-se desencarnações momentâneas. Chega!

Eu preciso encontrar antídotos contra a claustrofóbica sensação que se esgueira por quartos de aluguel; estes quartos que assombram tristes prostitutas no momento da overdose.

Tenho nove motivos para chorar e dois minutos para odiar.

Mas o choro lava os banheiros da alma, enquanto que o ódio dilata e fragmenta a morte na mais profunda calma.
Zeca Muri

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Reflexões

Noutro dia estava pensando no quanto às vezes nos desentendemos por coisas simples...

No fundo são apenas egos feridos, traídos em sua própria idolatria sem se dar conta de que o mundo é maior, que o todo na verdade nos une e ultrapassa nossos seres. Seres dotados da simplicidade enquanto estivermos na condição humana, enquanto assumirmos nossa identidade humana...

Assim, por favor, sempre que pensar em discutir com alguém pondere se é o seu EGO falante ou se realmente existe algo a ser tratado... E neste caso, dialogue. Nada melhor do que expor os incômodos e tentar ajustá-los... ou não...

Dia...

Mexendo em alguns caderninhos esquecidos com anotações engraçadas, deparei-me com uma não tão engraçada... Adélia Prado escreveu Dia

As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel - ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.

Tudo de bom! A sensibilidade e a metáfora... Afinal, por mais que queiramos, não deixamos de ser galinhas e galos ciscadores que vivem procurando algum alimento... Alimento da alma e para a alma.

Aliás, nossa animalidade será assim mantida enquanto não nos livrarmos das amarras sociais e assumirmos nossa verdadeira essência enquanto parte do todo, assumirmo-nos enquanto homens pensantes, conscientes, não alienados... ou talvez alienados em nossas próprias reflexões. Mas, enfim, nada mais natural do que fazermos cessões a poderes diferenciados...

domingo, 26 de dezembro de 2010

Jingle bells...

Natal... Será que podemos dizer coitados de nós? Há algum tempo passo a noite de Natal com a certeza de que é uma noite para encontrar a família toda reunida, sem a justificativa de um aniversário qualquer. É... Não acho a data  possa ser justificada pelo nascimento de Cristo... Principalmente porque vem regada de uma série de hipocrisias e historinhas religiosas, dogmáticas, distorcidas... Se querem comemorar o nascimento de Cristo, comemorem de verdade!

A questão é que não comemoro, apesar de fazer questão de ir à festa. Sim, para mim é uma festa para ver a família toda (que eu amo), comer e beber, sem a hipocrisia de que é uma época do ano em que estou em contato com a espiritualidade, fazendo o bem...

Por favor! Busquem a espiritualidade o tempo todo!!! Façam o bem o tempo todo!!!! E ainda mais... Sem a obrigatoriedade de dar presentes... Por que sinceramente fico me perguntando: aniversário de quem é comemorado? Nosso - enquanto indivíduos?

Além disto, é sempre bom lembrar que papai Noel só é vermelho e branco por causa da campanha publicitária da Coca-Cola na década de 30 (aliás, minha prima linda colocou uma postagem no blog dela sobre o tema: http://lascomadres.wordpress.com/2010/12/25/historia-do-papai-noel). Originalmente o papai Noel era verde e lenhador. Fala sério! Como nos deixamos enganar por tamanha falácia? ahmmmmmm... Será que é porque queremos?!?!?

Então, a partir de agora deixarei de escrever na terceira pessoa do plural. Me tirem desta!

Acriticamente são absurdamente compradas uma série de mimos para serem trocados nesta época do ano. Peraí, porque não rola isso antes? Por que nesta época? Se gostamos das pessoas e lembramos delas em outros momentos, por que não fazer mimos em outras horas, com coisas feitas por nós mesmos? Ou ainda, por que não dar para realmente quem precisa ao longo do ano?

A esposa do meu pai, muito gracinha, por sinal, perguntou o que eu queria ganhar de Natal tendo em vista que era complicado comprar roupa e sapato para mim (sou muito alta e nos últimos tempos tenho falado muito sobre o consumo exacerbado das pessoas), e comprar livro seria outro problema tendo em vista que já li muita coisas. Então, minha resposta? Um honesto nada! Hoje não preciso de nada!

Meu guarda-roupa vai bem, tenho o que preciso para me vestir. Meus sapatos estão em ordem e há vários anos adotei a tática do ganho-um-dou-um, além do que ganhei 3 de aniversário - ou seja, alguém vai se dar bem pois vou passar 3 bons sapatos para frente! Livros, nossa... Tenho lido um monte e é praxe comprá-los ou baixar na web: caiu em domínio público, ou leio digital ou imprimo e encaderno!

Quer me dar um presente? Tem milhagem? Manda aí para eu ir dar uma visitada no meu irmão lindo que mora em Ilheús! Vou amar!!! Fora isto, muito obrigada...

Estou muito feliz andando de metrô, ônibus, bicicleta, consumindo menos de maneira consciente e assumindo a responsabilidade em viver numa sociedade na qual as pessoas simplesmente não se preocupam com o resultado de suas ações mais simples. Continuo reciclando todo o material que posso, ajustando minha composteira (que aliás, precisa urgentemente de terra!) e sempre que lembro e vejo os garotos dormindo na rodoviária pela manhã, levo frutas ou biscoitos... E não preciso do Natal para fazer isto!

Afinal, o tio Sam está aí para ensinar coisas boas e coisas... boas? Depende de como são encaradas!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Textos diversos

Para refletir um pouco, trouxe o pequeno texto de um amigo:

Quero me despir, entrar em sintonia com os outros que existem em mim. Viver a eternidade em comunhão com as vidas que transitam nos escorregadores do meu tempo e vislumbrar os corações de outro que foram transfigurados mediante batalhas sangrentas em florestas escuras. 
Sinta! 
Percebo os poros da existência que respiram a fantasia e se alimentam de loucura quando amanhece o dia. 
Sinta!
Sinta os sentimentos que gritam por você após o desmaio no meio de uma madrugada chuvosa e fria. 
Quero voar mas não sozinho; já disse! Não quero voar sozinho.
Estou me desligando das investidas que revestem galhos de plástico em asfaltos imaginários e sombrios.

José Carlos Pereira de Amorim

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ônibus, metrô, bike... Carro não!

Depois que resolvi me livrar do carro em prol de algumas ações andar de ônibus, metro, bicicleta e a pé tem sido um experiência bastante peculiar...

Depois de anos e anos andando de carro, as coisas parecem no mínimo mais próximas, divertidas. A sensação de proteção por meio de um encaixotamento, como se vidro fechado fosse garantia contra assalto ou sei lá o que, ou seja, não tem nada de protegido, foi embora e trocada por uma sensação de compartilhamento. É... compartilhamento... Tudo bem que às vezes seria legal estar no ar condicionado, mas acho que a situação atual vale a pena já que as pérolas são praticamente diárias...

Como o garoto que estava usando um fone de ouvido gigantesco com uma antena lateral na parada de ônibus e o cobrador, ao vê-lo, disse em alto e bom som: Isso aí está parecendo um ET!!!... Claro que me abri de dar risada!!

Ou quando o motorista ficou conversando com o colega cobrador do ônibus que passava ao lado: To sabendo que cê está namorando! kkkk Vai perder a virgindade! Tudo bem que não entendi muito bem em que esquema se encaixa perder a virgindade, mas a maneira como ele falou não deixou de ser engraçada, o que deu margem a inúmeras interpretações...rs... Alias, se alguém souber o significado disso, por favor, ajude!

Ou ainda o trio que tinha enchido o caneco estava falando um monte de bobagem, o casal enamorado, as crianças se equilibrando no balanço do metrô, os idosos sem jeito de pedir para sentar no acento preferencial, os atrasados culpando os motoristas pela hora... e por aí vai...

Sem falar das possíveis fotos... Eita lugar que daria uma série de fotos maravilhosas: o metrô. Aquele monte de barras de metal, rostos concentrados olhando à distância, meio sorrisos, perfis, cabeças e corpos... Nossa... Muito legal!!! Quem sabe um dia desses não tiro umas fotos no celular e posto aqui!

Enfim, é fato que nem todo dia me disponho a trocar informações com o mundo. Tenho que assumir: muitas vezes pego um livro e mergulho nele... Mas o bacana é ter essas histórias para contar... e outras muitas! É um exercício de releitura do mundo... E atualmente, eu tenho utilizado um monte disso para me encontrar... Mas será que estou perdida? rs...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Golden Silvers - Magic Touch

Claudius Ceccon

Tudo de bom os cartuns de Claudius Ceccon para pensar sobre meio ambiente e educação...

 Atentado ao meio ambiente


- Procurar conteúdos que fazem sentido na vida do aluno.
- Refletir sobre a programação, sobre prioridades, sobre o que faz e por que faz.
- Aprender a ouvir, a melhorar o modo de interagir, a perguntar e considerar respostas.
- Procurar criar na escola o tempo necessário para discutir com outros professores a sua prática.