segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dia...

Mexendo em alguns caderninhos esquecidos com anotações engraçadas, deparei-me com uma não tão engraçada... Adélia Prado escreveu Dia

As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel - ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.

Tudo de bom! A sensibilidade e a metáfora... Afinal, por mais que queiramos, não deixamos de ser galinhas e galos ciscadores que vivem procurando algum alimento... Alimento da alma e para a alma.

Aliás, nossa animalidade será assim mantida enquanto não nos livrarmos das amarras sociais e assumirmos nossa verdadeira essência enquanto parte do todo, assumirmo-nos enquanto homens pensantes, conscientes, não alienados... ou talvez alienados em nossas próprias reflexões. Mas, enfim, nada mais natural do que fazermos cessões a poderes diferenciados...

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